Vício em drogas e álcool - a difícil batalha mostrada pela Netflix

O vício em álcool e drogas é uma situação extremamente difícil de ser resolvida e é algo também extremamente difícil de lidar tanto para a pessoa com vício quanto para os familiares e aqueles que a amam. Recentemente foi lançado um ótimo documentário pela Netflix. Resolvi escrever esse texto por acreditar que assistir ao documentário pode ajudar tanto aqueles que estão querendo sair do vício quanto aqueles preocupados com alguém viciado.

O filme se passa em West Virginia, nos Estados Unidos e tem como foco a tentativa de 4 homens de se recuperar em um lugar de reabilitação diferente do que estamos acostumados aqui no Brasil. “Jacob’s Ladder” (que significa literalmente “escada de Jacó”) é um lugar de reabilitação para viciados em álcool e drogas onde as pessoas que desejam iniciar o tratamento ficam em uma casa no meio de uma fazenda. Na fazenda eles realizam trabalhos relacionados a esse ambiente, além de terem acompanhamento em reuniões. A ideia da fazenda, segundo os fundadores, seria de fazê-los passarem pelas dificuldades que o trabalho numa fazenda implica, porém sem a “ajuda” da droga. Além disso, também consideram importante não afastá-los do mundo, mas ainda sim terem supervisão para que seja mais difícil terem uma recaída no vício. Afastá-los completamente do mundo, ainda na opinião dos fundadores, seria fazer o que as drogas e o consumo excessivo de álcool fazem, que é isolar o indivíduo em um mundo onde tudo (ou quase tudo) está relacionado às drogas e ao álcool.

O documentário também mostra algo que acontece com frequência nesse tipo de situação, os responsáveis pelo tratamento acabam, após o período de reabilitação, tentando cercar de todas as formas a pessoa para que ela não tenha uma recaída no vício. Algo que é colocado muito bem pelo Jeff, um dos ex-internados. Ele fala que se ele quiser beber, ele vai beber, se quiser usar drogas, ele vai usar, mas que ele tem escolhido não fazer essas coisas. E isso que ele fala é muito importante porque existe um preconceito muito forte com as pessoas viciadas em drogas e/ou álcool. As pessoas costumam achar que é uma escolha se viciar e nisso tem um detalhe que eu discordo, detalhe que que para mim faz toda a diferença. Antes e após o período de reabilitação são escolhas realmente, escolhas tanto de começar a usar quanto de não procurar ajuda e recair no vício. É importante ter em mente que mesmo que seja extremamente conhecido, por exemplo, que drogas viciam e que é difícil sair dessa situação, a maioria  das pessoas nessa situação fala que “basta ela querer para parar de usar a droga”, então por esse tipo de raciocínio a pessoa muitas vezes acaba escolhendo experimentar a droga e/ou continua a fazer uso porque acha que consegue parar quando quiser, como se hoje ela decidisse parar e amanhã já estivesse livre do vício. A questão é que depois de se viciar se torna realmente uma doença, a pessoa é tomada por aquele desejo e tem muita dificuldade em resistir ao vício ou querer mudar sua situação. Algo que outro ex-internado fala muito bem é que chega a um ponto em que deixa de ser “diversão” e passa a ser obrigação. A pessoa precisa daquilo para enfrentar o dia, para continuar vivendo, por mais contraditório que isso seja. Se torna um desejo avassalador mentalmente e uma obrigação física porque o corpo também passa a “pedir”, passa a dar sinais de que quer mais da droga.

Dessa forma, o filme vai contando uma parte da história desses quatro homens, desde a decisão de buscar ajuda nesse lugar até o momento depois da saída de lá, também aborda como os familiares e amigos lidam com isso. Enfim, documentários como esse são de extrema importância para diminuir o preconceito sobre essa situação, pois é falando sobre isso que começa a se tornar possível diminuir o preconceito, preconceito esse que, por sua vez, também acaba influenciando em muitos casos a demora da busca por ajuda.

Por último é importante informar que caso você ou alguém que você conheça esteja passando por essa situação você pode encontrar ajuda em um CAPS AD mais próximo de você. Os CAPS AD (Centros de Atenção Psicosocial – Álcool e Drogas) atendem por região de moradia do dependente, lá você poderá ser orientado sobre as possibilidades para o seu caso ou para o caso da pessoa com quem você se preocupa.

Clique aqui para assistir o trailer.

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